Após uma enchente, como a que aconteceu recentemente no Rio Grande do Sul, devemos tomar alguns cuidados com disjuntores, Interruptores Diferenciais Residuais (IDR) e Dispositivo de Proteção contra Surtos (DPS), para garantir a segurança das pessoas e das edificações.
Assim, os dispositivos de segurança citados podem ficar com sua funcionalidade comprometida, aumentando o risco de choque elétrico e até de incêndio.
Nesse artigo iremos falar sobre:
- Função dos disjuntores, IDR e DPS;
- Resultados de testes (ensaios) de laboratório, realizados em dispositivos atingigos pela enchente no RS;
- Dicas e recomendações de segurança.
Função dos disjuntores, IDR e DPS
Primordialmente, disjuntores são dispositivos que têm a função de proteger as instalações elétricas, desligando a energia quando ocorre uma sobrecarga ou um curto-circuito, podendo evitar até incêndios.
A sobrecarga acontece quando se ultrapassa a capacidade de corrente dos fios e cabos elétricos, podendo causar superaquecimento e incêndios.
O curto-circuito ocorre, por exemplo, quando fios desencapados se encostam.
Por serem equipamentos eletromecânicos, os disjuntores possuem partes móveis, tais como alavanca (manopla), mola, contatos, etc.
No entanto, disjuntores residenciais são dispositivos selados, o que impede a abertura para substituição de peças ou manutenção.
Portanto, em uma enchente, componentes internos dos disjuntores oxidam e acumulam impurezas contidas na água.
Mesmo que pareçam funcionar após serem religados, os testes de laboratório (que serão mostrados mais adiante) comprovam que não há garantia de que continuem protegendo adequadamente a instalação elétrica.
Dessa forma, recomenda-se a substituição dos disjuntores atingidos pela enchente, a fim de garantir a segurança das edificações e das pessoas.
Preferencialmente, um profissional qualificado deve realizar o serviço.
Da mesma forma, a recomendação é válida para o Interruptor Diferencial Residual (IDR), que protege as pessoas contra choques elétricos, e para o Dispositivo de Proteção contra Surtos (DPS).
Ensaios e testes de laboratório em disjuntores após enchente
A fim de testar a funcionalidade de disjuntores que estavam em uso e foram atingidos pela enchente, a Laplace enviou 10 dispositivos para ensaios no laboratório da Soprano, fabricante gaúcha de disjuntores e outros dispositivos de proteção elétrica
A Soprano realizou ensaios elétricos em seu laboratório e todos os disjuntores foram reprovados nos testes.
Além de fazer testes em condições de sobrecarga e curto-circuito, a Soprano abriu alguns disjuntores para mostrar suas condições internas (oxidação, sujeira, etc).
Para apresentar os resultados práticos de laboratório, a Laplace promoveu uma live com o Engenheiro de aplicação e produto da Soprano.
A gravação na íntegra está disponível no LINK a seguir:
Dicas e recomendações de segurança
Conforme mostrado anteriormente (inclusive por meio de testes em laboratório), dispositivos como os disjuntores, após exposição à enchente, não garantem mais proteção aos circuitos elétricos e à edificação.
Assim, recomendação técnica é que disjuntores, IDR e DPS sejam substuídos, preferencialmente por um profissional qualificado.
Além disso, na substituição, verifique se a capacidade de corrente do disjuntor é adequada para a fiação elétrica do circuito que o dispositivo deverá proteger.
Em participação na bancada de um programa da Vale TV, o Engenheiro Eletricista Jéferson Oliveira, diretor da Laplace, citou o exemplo de um disjuntor de 25 A, ao qual estava conectado um cabo com bitola de 4 mm², que suporta uma corrente de, aproximadamente, 28 A (podendo variar, dependendo do caso).
Não se deve substituir esse disjuntor um de 32 ou de 40 A, por exemplo, pois a fiação de 4 mm² não suportará esses valores de corrente, podendo resultar em um incêndio.
No LINK a seguir, você poderá assistir uma explicação didática sobre o assunto.
Antes de fazer qualquer intervenção na parte elétrica interna de um imóvel, confirme se os disjuntores estão desligados.
Verifique e desligue também o disjuntor do padrão de entrada, que está localizado junto ao medidor de energia da concessionária (popularmente chamado de relógio ou contador de luz).
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Para mais dicas de segurança nas instalações elétricas e conteúdos relacionados à enchentes, acesse:
Como recuperar equipamentos eletroeletrônicos inundados
Instalações elétricas em condomínios e os perigos ocultos
Cresce o número de incêndios por sobrecarga (curto-circuito) nas instalações elétricas
4 comentários em “Cuidados com disjuntores, IDR e DPS após enchente”
Qual o motivo das empresas não produzirem disjuntores que pudessem ser trocadas as peças? Houve muitos acidentes ou incidentes com com pessoas por querem religar a energia com esses disjuntores danificados? Até porque nem todos possuem esse conhecimento.
Olá, Luiz!
O mini disjuntor é um dispositivo de baixo custo, fabricado em grande escala.
Além disso, possui muitas peças pequenas, tornando inviável (do ponto de vista econômico) a produção de um item que possa ser desmontado.
Sobre os acidentes e incidentes, em um primeiro momento, o disjuntor pode funcionar como chave.
Não necessariamente ocorrerá uma sobrecarga ou curto-circuito ao serem religados, sendo que tais problemas podem surgir ao longo do tempo e o disjuntor não cunprir sua função (proteger a instalaçõa contra sobrecarga e curto-circuito).
Por outro lado, muitas pessoas estão sofrendo choque elétrico durante as limpezas nos imóveis.
Tal fato ocorre porque a instalação não tem IDR (Interruptor Diferencial Residual) ou esse dispositivo não está mais funcionando adequadamente.
Abraço!
Eng. Jéferson Oliveira
Excelente artigo. Totalmente acessível para pessoas que não tem tanto conhecimento, conseguirem entender a importância de contratar um profissional da área e reformar a parte elétrica afetada pela água.
Obrigado pelo comentário, Cristiano!
O objetivo do artigo e da live foi justamente alertar os leigos sobre os riscos elétricos.
Abraço!
Eng. Jéferson Oliveira